
“Pwason te fè dlo konfyans, men se dlo ki bouyi l” – ditado criolo
Quantas palavras preciso dividir ao meio? Quantos meios são necessários para que seja possível ver o começo do fim? De quantos caixões é feito um genocídio?
Quantos de nossos antepassados foram enterrados em covas rasas? Quantos de nossos ancestrais foram apenas lançados no ermo de uma infinita desova? De quantos mortos é feita uma tragédia?
Quantos morrerão amanhã? Quantos dos que morrerão amanhã estarão entre meus amores? De quantas lágrimas é feita sensação de que quem morre é meu semelhante?
Quantas humanidades frustradas deixamos na memória do ano que passou? Quantos anos passarão até que tudo passe? De quantos nomes passados se faz a História?
Quantos amigos deixarei de fazer porque já estão mortos? Quantos filhos nem nasceram porque já os enterrei? Sobre os sonhos, talvez – quanto valem ou são vendidos a peso morto?
Será que falar de morte atrai mais a morte? Será que quando colocar a cabeça no travesseiro serei acordada pelo choro de quem não pode chorar? Ou será que nada disso, basta que eu durma e amanhã há de ser outra agonia?
Será que tenho ainda perguntas? Ou será que tenho tantas respostas prontas que não cabe mais a mim perguntar? Será que vai acabar antes que a gente desista e acabe por isso mesmo?
Será que viver é impreciso? Ou será que a morte também se torna objeto de imprecisas notações? Será que, como a mosca que ronda o cadáver, também morrerei por precisão, mais que por boniteza?
Pra tudo isso, um hino: não sei.
[mas]
tumberos traigo adentro
tengo tumberos adentro
i have cruces inside me
no flowers, no prayers
¿donde vive el tiempo que perdimos?
tengo tumberos adentro
mi ifa uterino llora
sin saber si hay futuros a divinar
¡tengo tumberos adentro!
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